18 de maio de 2011

Caminhada em Florianópolis pede fim do preconceito às religiões


Reportagem Publicada no Jornal: Diário Catarinense
Data: 15/11/10

Uma caminhada pelo Distrito do Rio Vermelho, entre a Barra da Lagoa e a praia dos Ingleses, em Florianópolis, marcou nesta segunda-feira o Dia Nacional da Umbanda. O evento deu início à programação da Semana da Consciência Negra. Uma solenidade na Assembleia Legislativa, às 19h desta terça-feira, abre oficialmente as atividades da semana.

A caminhada partiu do centro espírita Caboclo Pena Verde, seguindo pela rua João Gualberto Soares até alcançar a pracinha do distrito. Além de atabaques e berimbaus, os manifestantes carregavam faixas pedindo paz. Representantes do Movimento Hare Krishna demostraram o seu apoio e também participaram da caminhada contra a intolerância religiosa pelas ruas do Rio Vermelho.

— Não somos poucos, mas somos invisíveis. Eventos como este pretendem dar visibilidade ao nosso povo — explicou Ana Paula Cardozo da Silva, coordenadora de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial de Florianópolis.

Segundo a coordenadora, a Capital tem 500 casas religiosas ligadas à umbanda, batuque, candomblé e almas de Angola. Na Grande Florianópolis, são 1,2 mil.

Ana Paula diz que a questão da intolerância religiosa vem se acentuando contra as religiões de matriz africana, principalmente com a ação da força policial e as manifestações de repúdio que colocam em risco a integridade física dos religiosos e também o patrimônio das instituições.

Existem relatos de ações contra terreiros, muitas vezes acusados de provocar barulho à vizinhança. Apedrejamento, insultos e vandalismo a monumentos são algumas das práticas mais comuns.

— A própria Constituição Federal apresenta o conflito, à medida que garante questões como a Lei do Silêncio e o direito à liberdade dos cultos — afirma Ana Paula.

Para a coordenadora, esta situação revela o preconceito com os seguidores das religiões afrodescendentes:

— A questão não é o barulho dos tambores, mas o olhar que essas pessoas têm sobre os seguidores dos cultos africanos. Estamos aqui para ajudar a esclarecer que o preconceito se faz sobre a ignorância de que nós somos uma "coisa do demônio".

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