23 de maio de 2011

Senhores da Estrada


No passado, esses grupos de ciganos eram conhecidos como os "senhores da estrada". Andavam de um lugar para outro, atravessando rios e florestas. Como? Só Deus sabe.

Percorriam a Índia inteira, chegando até o Oriente Médio, para depois retornar. Atravessavam reinos inimigos entre si. Para se ter uma idéia, só o Rajastão era dividido em pelo menos cem pequenos reinos.

Os ciganos dispunham de um salvo-conduto especial para atravessar uma determinada região. É que todo mundo precisava do trabalho deles.

De fato, eles transportavam mercadorias, serviam de "correio" para as longas distâncias e eram também os banqueiros dos grandes senhores - podiam comprar ouro e trocá-lo por bens de consumo ou dinheiro.

Muitas vezes, o ouro e os objetos preciosos não eram carregados por eles em suas longas viagens. Preferiam enterrar tudo em lugares secretos. No momento certo, sabiam qual caixa-forte abrir para fazer os seus negócios.

Engana-se quem pensa que os Banjara se deslocassem em grupos de apenas algumas dezenas de famílias. Grupos de até 3 mil homens (sem contar as mulheres e as crianças) eram uma coisa normal.



OS TEMPOS MUDARAM

Os Banjara nunca faziam guerra. Como outros grupos ciganos semelhantes, durante uma guerra, podiam ser recrutados para ajudar um determinado exército, mas nunca para o combate. Ficavam na retaguarda, prestando às tropas todo tipo de serviço necessário. Em caso de derrota, nada sofriam, porque todos reconheciam o seu valor social.

Outras atividades importantes eram a música, a dança, a acrobacia e o teatro nas cortes dos reis ou para os soldados.

Hoje, podemos encontrá-los aos milhões em periferias anônimas, pobres, às vezes miseráveis. Dignidade suficiente, porém, não lhes falta, numa sociedade que mudou muito desde os tempos em que eles eram reis das estradas, rios e florestas.

Gostaria ainda de lembrar os Hakkipikki, um povo de caçadores do centro-sul do país. Ou também os Gadha Lohar, que trabalham com metais. Ou os Rabari, pastores de ovelhas, cabras, gado e camelos. Ou, ainda, os Korwas...

Alguns Korwas deixaram de ser pastores para fabricar pulseiras, colares e especialmente coroas. Em seus acampamentos, todos fazem coroas: mulheres e homens, jovens e crianças. Coroas para hinduístas, muçulmanos e cristãos, vendidas nas portas dos templos, mesquitas e igrejas. É difícil falar de escola com eles, já que as crianças trabalham na produção de coroas.

Gostaria também de falar sobre os Kalibilias, os Nat e os Bopas, que são dançarinos, músicos, acrobatas, de circos.

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