19 de maio de 2011
Principais Acontecimentos na Umbanda
15 de Novembro de 1908 - Zélio de Moraes, então com dezessete anos, mediunizado com uma entidade que deu o nome de CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, funda em Neves, subúrbio de Niterói, o primeiro terreiro de Umbanda. Usa pela primeira vez o vocábulo UMBANDA, e define o movimento religioso como: “Uma manifestação de espírito para a caridade”.
Novembro de 1918 – O Caboclo das Sete Encruzilhadas dá início à fundação de Sete Tendas de Umbanda. Todas as tendas foram fundadas no Rio de Janeiro.
Ano de 1929 - A Umbanda espalha-se pelos Estados de São Paulo, Pará e Minas Gerais. Em 1926 chega ao Rio Grande do Sul e em 1932 em Porto Alegre.
O advento do Caboclo Mirim – Em 1924, manifestou-se no Rio de janeiro, em um jovem médium, Benjamim Figueiredo, uma entidade, Caboclo Mirim, que vinha com a finalidade de criar um novo núcleo de crescimento para a Umbanda. Assim, toda a família do médium foi chamada a participar. Eram ao todo 12 pessoas que deram início o que foi chamada a Seara de Mirim. Após 18 anos, em 1942, foi fundada a Tenda Mirim, à Rua Sotero dos Reis, 101, Praça da Bandeira; mudou-se posteriormente, para a Rua São Pedro e depois para Rua Ceará, hoje Avenida Marechal Rondon, 597. Também desta Tenda saíram vários médiuns que se responsabilizaram pela criação de Tendas de Umbanda ao longo do território nacional. A primeira casa descendente foi criada em 30/06/1951, como filial, em Queimados, Nova Iguaçu, à Rua Alegre, s/n. Depois desta, novas casas foram abertas em Austin, Realengo, Colégio, Jacarepaguá, Itaboraí e Petrópolis. A primeira casa, descendente do Caboclo Mirim, aberta fora do Rio de Janeiro foi a de Assai, no Paraná. Até 1970, já tinham sido abertas 32 casas.
Ano de 1939 – Os Templos fundados pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas reuniram-se criando a Federação Espírita de Umbanda do Brasil, posteriormente denominada União Espiritualista de Umbanda do Brasil, incorporando dezenas de outros terreiros fundados por inspiração de “entidades” de Umbanda que trabalhavam ativamente no astral sob a orientação do fundador da Umbanda.
Outubro de 1941 – Reúne-se o Primeiro Congresso de Espiritismo de Umbanda. Outros Congressos posteriormente retiraram acertadamente o nome espiritismo, que, de fato, pertence aos espíritas brasileiros, os quais o espírita pratica o espiritismo; na umbanda pratica-se o Umbandismo.
Neste Congresso foi apresentada tese pela Tenda São Jerônimo, propondo a descriminalização da prática dos rituais de Umbanda. O autor, Dr. Jaime Madruga, a par de um minucioso estudo de todas as constituições já colocadas em vigência no Brasil, busca também em projetos como o da Constituição Farroupilha e nos códigos penais até então vigentes e no que haveria de vigorar após 01 de janeiro de 1942, os argumentos mostrando que o caminho da Umbanda começava a ser aberto e que caberia aos Umbandistas buscar acelerar o processo com declarações e resoluções partindo daquele congresso, em prol da descriminalização da prática de Umbanda. Em 1944, vários umbandistas ilustres, entre eles vários militares, políticos, intelectuais e jornalistas, apresentam ao Presidente Getúlio Vargas um documento intitulado “O Culto da Umbanda em face da Lei” e consegue daquela autoridade a descriminalização da Umbanda. Este fato, que foi extremamente positivo, trouxe como subproduto uma perda de identidade muito grande por parte de nossa religião, uma vez que todos os terreiros, das mais variadas seitas, incluíram em seus nomes a palavra Umbanda como forma de fugir à repressão policial. Como nossa religião, nessa época, não tinha um rito claramente definido e nem a formação de sacerdotes, o que gera uma hierarquia, a Umbanda ficou a mercê dessa deturpação; outro fato que fortaleceu essa descaracterização foi que, sendo um período de crescimento, não se buscava a qualidade dos Terreiros que se filiavam a Federação, ou à União que lhe sucedeu, e finalmente, ao CONDU.
Setembro de 1971 - Foi criado, na cidade do Rio de Janeiro, o Conselho Nacional Deliberativo de Umbanda – CONDU, que congrega as Federações de Umbanda existentes ao longo do país, atualmente, contando com mais de 46 Federações, de norte a sul do País, reunindo representantes de mais de 40.000 Terreiros de Umbanda.
1972 – Em mensagem psicografada por Omolubá, enviada pelo poeta Ângelo de Lys, confirma-se a origem da Umbanda no Brasil, através do médium Zélio de Moraes.
1977 – O CONDU reconhece, publicamente, como verdadeira a origem da Umbanda no Brasil.
Novembro de 1978 – Surge o livro “Fundamentos de Umbanda, Revelação Religiosa”, de Israel Cisneiros e Omolubá, que vem colocar nos seus devidos lugares a questão da origem da Umbanda – portador de mensagens do Astral, trazendo por fim, após 70 anos de existência da Umbanda, as bases teológicas e norteadoras da Doutrina Umbandista, com fundamentos integrais da nova religião e sua verdadeira origem. O livro expõe a estrutura do movimento religioso, no sentido de elevar a Umbanda à justa posição de RELIGIÃO eminentemente brasileira.
Neste momento, que podemos definir como sendo o início desse novo período; assume-se a Umbanda como religião brasileira e através desse livro começa o primeiro movimento consistente para dar a ela uma base teológica. Após este primeiro livro, seguiram-se outros, de Omolubá, em especial os “Cadernos de Umbanda”, que incontestavelmente dão continuidade ao movimento de consolidação do ritual de Umbanda e, mais ainda, a criação de uma hierarquia, baseada na formação sacerdotal, fundamental para a manutenção das bases ritualísticas e conceituais apresentadas na primeira obra: Fundamentos de Umbanda.
Decorridos setenta anos de existência da Umbanda no Brasil, compreendidos entre
1908 / 1978, passou este curto espaço de tempo, porém significativo, a ser conhecido entre os estudiosos da causa como Período de Propagação da única e genuína força de credo, nascido neste século, em terras brasileiras.
Certamente que Zélio de Moraes, famoso médium já desencarnado, não iria supor que passadas menos de seis décadas, aquela crença, nascida no modesto bairro das Neves, fosse classificada, entre as religiões existentes, como a segunda do país, comportando mais de 20 milhões de seguidores, num crescente espantoso de fiéis, apesar das perseguições policiais a que foi submetida, das intrigas da religião majoritária, além do completo descaso de todos os governos até a data atual, mesmo tratando-se de uma preferência natural, espontânea, de mais de um sexto da população. Hoje, o movimento mágico e religioso da Umbanda estende-se por todo o Brasil, professando a humildade, sem proselitismo, sem explorações na magra bolsa do povo, sem dízimos compulsórios, mistérios mistificantes e regular envio de “royalties da fé” para o exterior.
Embora a Umbanda se apresente, muitas vezes, um tanto desfigurada, com nuanças religiosas, reconhecemos que isso decorre desse período – propagação, no afã de conquistar almas, ainda que respeitando ambientes regionais. E nunca deixou, através das verdadeiras guias, de oferecer amparo prático, ajuda, orientação e, sobretudo, de inspirar o desejo de reascendimento dos corações que dela se socorrem, apontando sempre a eterna chama da esperança de dias melhores, calçados naturalmente na ação correta de cada instante, na candura, no companheirismo e na fraternidade.
Os mentores da Umbanda, sediados na Aruanda (cidade localizada no plano astral), já determinaram sabiamente o procedimento normativo, religioso para os setenta anos vindouros,
1979 / 2049, como sendo o período de Afirmação Doutrinária. Obviamente, a doutrina de Umbanda ficará como ponto essencial para a estabilidade e perpetuação desse movimento, na forma digna, ensejada pelo estudo constante, a par do esforço sincero de cada devoto, no sentido de conduzir a Umbanda, no plano físico, a um merecido status de religião organizada, a serviço da comunidade religiosa nacional.
No imenso campo místico de nossa Terra, onde proliferam, abundantemente, conceituações religiosas diversas, algumas das mais exóticas, cheias de superstições, interpretações confusas e duvidosas, mercantilismo, fanatismo, mistificações, “curas divinas” e desonesto profissionalismo pastoral, a Umbanda, erguerá seu edifício religioso, tendo como obreiros da primeira a undécima hora, devotos excepcionais, médiuns sinceros, babalorixás e ialorixás honestos que, há muito, já assumiram posição na hierarquia de responsabilidade e trabalho, cônscios de que a quantidade será relegada a segundo plano, em proveito da qualidade, e convictos de que, em matéria doutrinária, não pode nem deve haver transigências oportunistas, confirmando-se, desse modo, que “Umbanda é coisa séria para gente séria”.
Umbanda, sendo a única religião criada no Brasil, não pode ser dividida. Quem tiver esta pretensão cairá no ridículo. A nossa religião deve ser tratada com todo carinho, amor, serenidade e estudo, sobretudo com a renovação de caráter dos que a professam para que a mesma possa espelhar a grandeza de sua doutrina. A Umbanda se sente desmerecida com o tratamento que lhe dispensam boa parte de terreiros onde se vê:
Mais animismo do que mediunísmo;
Mais interesses cúpidos do que magias;
Mais deslealdades do que autenticidades;
Mais personalismo do que espiritismo.
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